Acervo

Saturnino Rangel Mauro

Casou-se em 1935 com Morena, a bela Maria da Penha Barcelos de Freitas, com quem teve oito filhos, Joana Maria, Max, Francisco Manoel, Maria da Penha, Saturnino, Rosita Maria, Arnaldo Antônio e Carmen Vera. Generoso, com forte sentimento de humanidade, além dos filhos, criou os sobrinhos Laércio, Vitória, Ismerina e Francisco.

A Revolução de 1930 levou Saturnino e mudar a rota de sua vida. Partidário da Aliança Liberal liderada por Getúlio Vargas, refugiou-se numa propriedade rural de uma parenta, em Juburana (Vila Velha), para não ser incorporado às Forças Armadas governamentais que iriam combater os revolucionários. Depois da vitória de Vargas, retornou à sede de Vila Velha. Após pequena fase desempregado, trabalhou como recenseador da Secretaria da Agricultura no levantamento das propriedades no entorno de Viana.

Ocupou, já em 1933, posto no Setor de Material do Almoxarifado da Companhia Estrada de Ferro Vitória a Minas. Ainda em 1933, foi secretário do Sindicato dos Ferroviários da Vitória a Minas. Os registros da passagem de Saturnino Rangel Mauro assinalam a forte personalidade de um homem que enfrentou e superou todos os entraves e armadilhas colocados em seu caminho. Em todos os postos de trabalho, simples ou complexos, aqui exercitados, deixou ele marca de sua personalidade, altiva e independente.

Cronologia
•        Um dos fundadores da Cooperativa de Consumo dos Empregados da Estrada de Ferro Vitória Minas. Depois foi presidente do Sindicato do Comércio.
•        1936 - Eleito vereador e presidente do Centro Político Distrital de Angolas. Ainda neste ano, foi eleito presidente do Sindicato dos Empregados do Comércio do Espírito Santo, até 1947.
•        1940 - Fez parte da comissão encarregada de definir o primeiro salário mínimo do Estado.
•        1941- Nomeado por Getúlio Vargas, após indicações dos trabalhadores, para vogal da Junta de Conciliação e Julgamento da Justiça do Trabalho/ES (representante dos empregados).
•        1942 - Nomeado como escriturário da Seção de Pessoal da Cia Vale do Rio Doce (chegou a chefe de seção). Ainda naquele ano foi nomeado secretário da Legião Brasileira de Assistência de Vila Velha.
•        1945 - É preso no 3º Batalhão de Caçadores (Vila Velha), quando da deposição de Getúlio Vargas, por ser adepto do trabalhismo.
•        1946 - Ajuda a fundar o PTB - Partido Trabalhista Brasileiro.
•        1947- Foi eleito deputado estadual constituinte pelo PTB.
•        1950 - Disputou a Prefeitura de Vila Velha pelo PTB e perdeu a eleição para o  candidato da UDN- União Democrática Nacional,
•        Dr. Antônio Bezerra de Faria.
•        1951- Nomeado para o Conselho de Administração da Caixa Econômica Federal no Espírito Santo, chegando a ocupar em diversas ocasiões o cargo de diretor da Carteira de Habitação.
•        1954 - Nesse ano, disputou a eleição a prefeito de Vila Velha contra Antônio Gil Velozo, da UDN. Continuou na política mesmo sem mandato, participando da campanha de Tufy Nader para prefeito de Vila Velha, em 1958.
•        1956 - Criou o jornal “O Independente”, de Vila Velha, e passou a colaborar com o jornal “A Gazeta”, escrevendo periodicamente.
1961- Ingressou na Academia de Letras Humberto de Campos (Vila Velha), onde foi  seu presidente em 1970 e 1971.
•        1966 - Foi um dos fundadores da criação do MDB – Movimento Democrático Brasileiro, no Espírito Santo.
•        1974 - Mesmo doente, foi um dos mais ativos cabos eleitorais para a candidatura de deputado estadual de seu filho Max de Freitas Mauro. Não assistiu à posse, pois  faleceu antes da data.
•        1975 - Faleceu em 5 de janeiro, aos 74 anos de idade, tendo sido sepultado em Vila Velha.

Max Freitas Mauro

Max Freitas Mauro nasceu em Vila Velha (ES) no dia 11 de março de 1937, filho de Saturnino Rangel Mauro e de Maria da Penha Freitas Mauro. Seu pai foi sindicalista, fundador do Partido Trabalhista Brasileiro no Espírito Santo, em 1947, e seu primeiro presidente regional, tendo sido eleito, naquele ano, deputado estadual constituinte.

Max Mauro fez os primeiros estudos em sua cidade natal, transferindo-se para Salvador para estudar na Faculdade de Medicina da Universidade da Bahia, pela qual se diplomou.

 Ingressou na vida política elegendo-se, em novembro de 1970, prefeito de Vila Velha na legenda do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar instalado no país em abril de 1964. Iniciou o mandato em janeiro de 1971, completando-o em dezembro de 1973. No pleito de novembro de 1974, elegeu-se deputado estadual pela  legenda emedebista, tomando posse na Assembléia Legislativa em fevereiro de 1975.

Eleito deputado federal pelo Espírito Santo, sempre pelo MDB, em novembro de 1978, concluiu seu mandato na Assembléia em janeiro de 1979. Em março seguinte, assumiu a cadeira na Câmara dos Deputados e participou, durante toda a legislatura, da Comissão de Saúde.

Com a extinção do bipartidarismo em 29 de novembro de 1979 e a conseqüente reformulação partidária, filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e nessa legenda foi reeleito deputado federal pelo Espírito Santo — o mais votado no partido — no pleito de novembro de 1982. Empossado em março de 1983, votou a favor da emenda Dante de Oliveira, apresentada na Câmara dos Deputados em 25 de abril de 1984, e que propunha o restabelecimento de eleições diretas para a escolha do novo presidente da República em novembro daquele ano. No entanto, a emenda não obteve a votação necessária para ser aprovada pelo plenário da Câmara (faltaram 22 votos para que o projeto pudesse ser encaminhado à apreciação pelo Senado).

No Colégio Eleitoral, reunido em 15 de janeiro de 1985 para escolher o sucessor do presidente da República, João Batista Figueiredo, Max Mauro votou em Tancredo Neves, candidato da frente oposicionista Aliança Democrática — uma união do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) com a dissidência do PDS abrigada na Frente Liberal — que veio a ser eleito presidente da República, derrotando o candidato do regime militar, Paulo Maluf. Contudo, por motivo de doença, Tancredo Neves não chegou a ser empossado na presidência e faleceu em 21 de abril de 1985. Seu substituto no cargo foi o vice José Sarney, que já exercia interinamente o cargo, desde 15 de março desse ano.

Em 1986, Max Mauro ganhou a convenção do PMDB para concorrer ao governo do Espírito Santo e foi eleito pela coligação PMDB, Partido Comunista Brasileiro (PCB), Partido Democrata Cristão (PDC), Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e Partido Social Cristão (PSC) no pleito de novembro desse ano — com vantagem de 198 mil votos sobre Élcio Álvares, candidato da coligação do Partido da Frente Liberal (PFL) e Partido Democrático Social (PDS) — iniciando o mandato em fevereiro de 1987.


Ao longo da sua gestão, o novo governador conseguiu sanear as finanças do estado e aumentou os investimentos na área da saúde, tendo iniciado o processo de implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), instituído o Sistema Estadual de Saúde e ampliado a rede hospitalar. Em fins de 1989, assinou decreto extinguindo o cargo de vice-governador, ocupado por Carlos Alberto Cunha, que deixara o PMDB para apoiar Fernando Collor de Melo, do Partido de Reconstrução Nacional (PRN). Nesse período, também tombou área remanescente da Mata Atlântica no estado, correspondente a 31% da superfície do Espírito Santo, integrando o estado ao Consórcio Nacional da Mata Atlântica.

Durante seu governo, também foi lançado o Programa de Despoluição dos Ecossistemas da Baía de Vitória e do Litoral e criado o Sistema Estadual do Meio Ambiente, com a instalação  da Secretaria do Estado, do Conselho Estadual do Meio Ambiente, da Polícia Florestal e da Curadoria do Meio Ambiente do Ministério Público e a criação do primeiro Laboratório de Análises Ambientais do Estado e de uma rede de monitoramento da qualidade do ar na Grande Vitória para controle da poluição industrial. Max Mauro deu atenção especial ao transporte de massa na região metropolitana da Grande Vitória, com a implantação do Projeto de Transporte Coletivo da Grande Vitória, a construção de novos terminais de integração e a pavimentação de vias urbanas.

Na estrutura da Secretaria de Segurança Pública foi criado e instalado o Conselho Estadual de Segurança Pública, que integrou as polícias, o Poder Judiciário, o Poder Legislativo e entidades da sociedade civil organizada na formulação da política de segurança pública do estado. Seu governo desenvolveu, juntamente com o Movimento Popular pelo Direito à Moradia e algumas prefeituras, programa habitacional para a população de baixa e nenhuma renda, com a utilização de recursos orçamentários do estado e o subsídio à construção de casas populares.

Nas eleições de novembro de 1990, apoiou o candidato vitorioso Albuíno Cunha de Azeredo, da coligação Partido Democrático Trabalhista (PDT), Partido Socialista Brasileiro (PSB) e Partido Comunista do Brasil (PCdoB), a quem passou o cargo em março do ano seguinte.

Ainda em 1991, voltou a exercer o cargo de médico do antigo Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), no qual permaneceria até se aposentar em 1995.

Em 1994 deixou o PMDB e se filiou ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e, nessa legenda, voltou a concorrer ao governo do Espírito Santo no pleito de outubro desse ano, mas não conseguiu se eleger. Quatro anos depois, disputou, com êxito, uma vaga na Câmara dos Deputados, pela legenda petebista.

Assumiu o mandato em fevereiro de 1999, e, no ano de 2000, foi relator e se mostrou favorável à implementação pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, de uma fiscalização do Departamento Nacional de Estradas e Rodagem (DNER), e das empresas concessionárias de exploração de rodovias federais, bem como de averiguar a proposta de implantação de um Imposto Sobre Serviços (ISS) pelo DNER.

Disputou o governo do Espírito Santo nas eleições de 2002, e apesar de obter expressiva votação, acabou sendo derrotado por Paulo Hartung (PMDB-ES), ainda no primeiro turno.

Na disputa pelo Senado, em 2006, Max Mauro acabaria vencido por Renato Casagrande (PSB-ES). Em 2007, porém, Mauro pediu a cassação dos mandatos do senador eleito Renato Casagrande e do deputado estadual Jardel Vieira Machado Nunes, do Partido da Mobilização Nacional (PMN), acusando-os de arrecadação e gastos ilegais durante a campanha eleitoral do ano anterior. Entretanto, o Tribunal Regional Eleitoral do Espíriot Santo (TRE) não deu prosseguimento à denúncia, alegando que Max Mauro não teria autoridade para propor tal ação. Em novembro de 2007, Max Mauro recorreu da decisão do TRE-ES pedindo a revisão do processo pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

Casou-se com Maria Gleyd Chianca Mauro, com quem teve dois filhos. Um deles, Max Mauro Filho, também seguiu a carreira política. Vereador no município de Vila Velha entre 1989 e 1992, elegeu-se deputado estadual pelo PTB em 1994, reelegendo-se em 1998 com a maior votação do estado, elegendo-se prefeito de Vila Velha em 2004.

Acervo Fotográfico Max Mauro

Em 1990, com recursos próprios, o ex-governador Max Mauro organizou seu acervo pessoal de Documentos Permanentes aproximadamente 80 metros lineares de documentos de caráter público, privado e particular de sua trajetória e de seu pai Saturnino Rangel Mauro. A grande parte do material tem como suporte principal o papel, mas há também quadros, fotografias, cartazes, rolos de filme, flâmulas de tecido, entre outros.

Desde fevereiro do ano corrente funcionários e estagiários do Centro de Memória Saturnino Rangel Mauro debruçam-se no tratamento do acervo iconográfico, que possui mais de 11.000 fotos do acervo. Esse acervo, que já estava higienizado e acondicionado dentro dos padrões arquivísticos e agora necessita de passar pela fase de adequação da descrição a NOBRADE e digitalização.

As imagens além de mostrarem um pouco das cidades do Estado do Espírito Santo demonstram também o cotidiano e o estilo da política no período em que Saturnino Mauro e Max Mauro estiveram no cenário político do Estado (1930-1986).

São inúmeras as imagens do governador em visita ao interior do Espírito santo. Ali eles aparecem inaugurando obras, especialmente, escolas, maternidades, estações de tratamento de água e esgoto, construções e de outras tantas visitando feiras e fazendo campanha política. Por meio da leitura desses vestígios é possível conhecer um pouco da realidade das cidades capixabas na época.

Dentre as fotos em que aparece Saturnino Rangel Mauro com diversas autoridades destacamos algumas na companhia de Vargas e Jone dos Santos Neves, entre outros. Por sinal, no acervo documental encontram-se mensagens trocadas entre Saturnino e Getúlio. As fotos retratam os ânimos da população nas ruas e nos prédios esperando a passagem das autoridades políticas.


Por fim, o acervo também conta com diversas fotos de cunho privado pelas quais se pode conhecer a vida empresarial e familiar da família Mauro e da sociedade em Vila Velha ao longo do século XX.